Padre Bruno partiu, mas suas últimas mensagens estão ecoando em todos os cantos deste País. Falar de solidariedade, de esperança de respeito aos desprotegidos nunca foi retórica para ele, foi sim, exercício de ação do seu dia a dia. As escolhas feitas por Padre Bruno nunca devem ter sido fáceis para ele, pois deixou aqueles que lhe eram tão próximos, como seus familiares, deixou, seu País e optou por uma vida de ação em prol daqueles que são excluídos neste mundo de tanta desigualdade.

Nunca se viu, mesmo em todas essas décadas de doação, um só dia em que se conformasse com a violação de direitos, sempre se indignou e agiu. Em sua ação de doação e luta por busca de igualdade, manteve-se firme ao lema que impulsionou no Movimento de Emaús: “ Por uma solidariedade que transforme”. Este lema se justificava, justamente porque para ele a solidariedade tem que trazer transformação e não ações paliativas que não gerem um bem estar duradouro.

Todas as sementes plantadas sempre traziam grandes frutos. Conquistou um mundo de voluntários, de doadores, de amigos por todo este mundo, pois sua ação coerente e corajosa não deixava descrédito a ninguém. Nestes 50 anos de ação criou a República do pequeno vendedor, o centro de defesa da criança e do adolescente, impulsionou o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de rua, estimulou a criação da Associação Nacional dos Centros de Defesa no Brasil, mas apesar de tudo não se conformava com a miséria, com a falta de oportunidade aos jovens, com a violência que atingiu crianças e adolescentes e cobrava, agia e gritava a todos os cantos “Não vamos deixar de nos indignar!”, “Temos que agir contra essa exclusão!”, ‘Não podemos perder a esperança”, logo ele animava e estimulava uma ação continua em defesa da vida com dignidade.

É com esta mensagem de esperança e um forte grito de luta por dias melhores, que o Movimento de Emaús agradece todas as mensagens de solidariedade, de reconhecimento e de apoio que recebemos nestes dias de separação de nosso grande incentivador. “Jamais nos deixem perder a esperança”, nesse gesto Pe. Bruno conclama a todos cumprir seu papel sendo agente de transformação assumindo compromisso com a sociedade para um mundo melhor.

Comungamos neste momento de uma força inexorável de luta pelo crescimento do Emaús, e esperamos contar com todos e todas que não se conformam com que nossas crianças e jovens sejam alijados da sociedade ou sofram violência sem que nada seja feito.

A solidariedade e a luta que nos move só aumentou nestes dias.

Muito Obrigada!

Inácia Winholth
Coordenação do Movimento de Emaús

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